247 – O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu uma de suas melhores
entrevistas ao jornalista Walter Santos, editor da Revista Nordeste,
publicação que, há 11 anos, se dedica a cobrir com seriedade e
profundidade as transformações socioeconômicas da região.
Segundo Lula, nas elites e
em parte da classe média brasileira ainda prevalece uma lógica de "Casa
Grande e Senzala", fazendo uma alusão ao clássico de Gilberto Freyre. "A
minha grande frustração foi constatar que, no Brasil, ainda há muita
gente que não aceita que o pobre suba um degrau", disse Lula.
Ele lembra que, em seus
governos, não há um empresário ou banqueiro que não tenha ganho muito
dinheiro. "O andar de cima não perdeu nada. Só ganhou. Mas os pobres
também ganharam e tiveram aumentos salariais durante doze anos
consecutivos."
Lula afirma que muitos, no
Brasll, não aceitam que o filho da empregada ocupe o mesmo banco escolar
de seus filhos. "O preconceito é uma doença gravíssima e se não formos
capazes de combatê-lo não seremos uma sociedade verdadeiramente
democrática".
O ex-presidente também
afirmou que nunca tinha entendido por que a transposição do São
Francisco jamais tinha saído do papel. "A verdade é que muita gente
depende da pobreza para sobreviver politicamente".
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