247 - Michel Temer começou a definir
estratégia para tentar enfraquecer a denúncia que deve ser apresentada
contra ele pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, por obstrução de
Justiça. A articulação ficou por conta de Gilmar Mendes, ministro do STF
(Supremo Tribunal Federal), em jantar no domingo (6) não registrado na
agenda oficial de Michel Temer.
O tema oficial do encontro era a reforma política, mas a
atuação do chefe do Ministério Público Federal foi debatida. A intenção
do peemedebista é desqualificar a atitude de Janot, acusando-o de
"perseguição política", segundo pessoas próximas, e evitar que seu nome
seja incluído no inquérito do chamado "quadrilhão", que investiga
integrantes do PMDB.
A Câmara barrou na semana passada a denúncia de PGR por corrupção passiva contra Temer.
Janot pediu então ao ministro Edson Fachin, do STF, que
transfira a apuração de organização criminosa contra Temer do inquérito
da JBS, sobre obstrução da Justiça, para o que envolve demais políticos
do PMDB.
A presença de Temer neste segundo inquérito é fundamental
para que Janot configure a obstrução, apontada pela PGR no áudio em que
ele, na interpretação dos investigadores, dá aval para Joesley Batista
comprar o silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que
está preso no Paraná.
Em outra frente, a defesa de Temer deve pedir a suspeição do
procurador-geral para que ele não possa mais atuar em iniciativas
contra o peemedebista, sob a alegação de que falta isenção a Janot.
A expectativa é de que a nova denúncia seja entregue até o
começo de setembro, o que coincide com o cronograma de votação do
primeiro turno da reforma previdenciária. Janot ficará no cargo até o
dia 17 do mês que vem.
Com a sua saída, Temer cogita ainda processá-lo. Ele citou
essa intenção na conversa com Mendes, de acordo com relato feito à
Folha.
As informações são de reportagem de Gustavo Uribe e Bruno Boghossian na Folha de S.Paulo.
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