247 - O Palácio do Planalto se preocupa
hoje mais com a possibilidade de o ex-ministro Geddel Vieira Lima, preso
desde o dia 8, fechar um acordo de delação premiada do que com a nova
denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República na semana
passada contra Michel Temer.
Em relação a Geddel, a avaliação no Planalto é de que a
situação é “praticamente incontornável” depois que a Polícia Federal
encontrou R$ 51 milhões em espécie em um apartamento em Salvador, onde
foram identificadas as impressões digitais do ex-ministro.
A apreensão do dinheiro, entretanto, segundo os
investigadores, jogou por terra o discurso da defesa de que as acusações
eram versões de delatores interessados em benefícios. Os R$ 51 milhões
materializaram as provas necessárias para sustentar as afirmações dos
colaboradores. A homologação da delação de Funaro fortaleceu a tese da
acusação contra Geddel.
Além disso, o ex-diretor de Defesa Civil de Salvador Gustavo
Pedreira, apontado como homem de confiança de Geddel, cujas impressões
digitais também foram encontradas no apartamento, afirmou estar disposto
a colaborar com as investigações. Ele já confirmou ter buscado dinheiro
em São Paulo a pedido de Geddel. Não está descartada a possibilidade de
o ex-ministro ser alvo de outras denúncias.
Distanciamento. Geddel, ao lado de Temer, fazia parte do
núcleo duro do PMDB, que inclui os atuais ministros e também denunciados
Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral). O
Planalto avalia que Geddel é temperamental e emotivo e, por isso, não
aguentaria muito tempo na prisão. Essas características, disse um
auxiliar, podem aumentar ainda mais as chances de o ex-ministro fornecer
informações em troca de benefícios.
As informações são de reportagem de Carla Araújo e Tânia Monteiro no Estado de S.Paulo.
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