247 - Michel Temer já deu início às suas manobras — com dinheiro público— para barrar a segunda denúncia contra ele na Câmara.
Pressionado pela segunda denúncia da PGR, por organização
criminosa e obstrução de Justiça, e diante da falta de disposição da
base de dar quorum para a leitura da peça e sua tramitação, Michel Temer
prepara a liberação de mais dinheiro para programas como o
refinanciamento de dívidas Refis e o Bolsa Família. Contra a vontade da
equipe econômica, que desejava preservar a arrecadação prevista de R$ 13
bilhões no Refis, a Casa Civil acertou uma proposta mais flexível,
alterando as regras de refinanciamento das dívidas das empresas.
Segundo jornal O Globo e o "Jornal Nacional", a nova
proposta contempla quatro pontos principais na renegociação das dívidas:
para pagamento à vista, desconto de 90% nos juros, 70% nas multas e 25%
nos encargos; para pagamentos em até 145 parcelas, desconto de 80% nos
juros, 50% nas multas e 25% nos encargos; para pagamento em até 175
parcelas, descontos de 50% nos juros, 25% nas multas e 25% nos encargos.
Quem tem dívida de até R$ 15 milhões pode dar entrada de 5% ao invés de
7,5% da proposta original. A medida agrada aliados, especialmente
empresários. O prazo de adesão ao Refis termina sexta-feira.Temer deve
anunciar ainda um programa complementar ao Bolsa Família, que inclui 3
milhões em microcrédito.
Na segunda-feira, uma nova tentativa de leitura da denúncia
contra Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco
(Secretaria Geral) no plenário da Câmara foi frustrada, como já havia
ocorrido na sexta-feira. Com o novo fracasso, o Planalto passou a
admitir o risco de a tramitação da denúncia se alongar. O governo
trabalhava para conseguir concluir o arquivamento até o dia 11 de
outubro, mas começou a admitir a hipótese de a tramitação durar ao menos
mais uma semana.
Recorde de emendas
No dia em que a Procuradoria Geral da República denunciou
Michel Temer pela segunda vez, o governo liberou R$ 65 milhões em
emendas parlamentares. Foi numa quinta-feira, 14 de setembro, o dia em
que os deputados mais receberam dinheiro até agora durante o mês de
setembro. O segundo dia em que houve mais pagamento de emendas foi 19 de
setembro, um dia antes de o Supremo Tribunal Federal concluir o
julgamento que liberou o envio da denúncia para a Câmara. O levantamento
é do partido Rede Sustentabilidade, feito a pedido da Rádio CBN.
O deputado que reuniu as informações, Alessandro Molon,
disse que vai ao Ministério Público denunciar novamente que está havendo
compra de votos para barrar a denúncia contra Temer.
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