247 - O operador Lúcio Funaro declarou à
Procuradoria Geral da República, em depoimento no dia 23 de agosto, que
Michel Temer pediu a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara
dos Deputados, intervenção em favor de empresas portuárias.
O depoimento foi gravado e o vídeo foi obtido pela Folha de S.Paulo. Em outros trechos do depoimento, Funaro também disse que Cunha era um "banco de corrupção de políticos" e que José Yunes, amigo e ex-assessor de Temer, "tinha certeza" que era dinheiro o pacote entregue por ele ao advogado em seu escritório na véspera da campanha de 2014.
Segundo Funaro, Cunha lhe contou que Temer pediu que o
deputado (hoje cassado) atuasse em favor de três empresas que operam no
Porto de Santos - a Rodrimar, o grupo Libra e a Santos Brasil, além da
Eldorado Celulose, que pertencia ao grupo J&F, controlador da JBS -
durante a tramitação da Medida Provisória dos Portos, em 2013.
"Essa MP foi feita para reforma do setor portuário e ela ia
trazer um grande prejuízo para o grupo Libra, que é um grupo aliado de
Cunha e, por consequência, de Michel Temer, porque é um dos grandes
doadores das campanhas de Michel Temer", disse Funaro.
No início deste mês, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu o depoimento de Temer sobre o caso dos portos.
"Pela definição dessa MP, o grupo Libra não ia poder renovar
mais as suas concessões portuárias. Por quê? Porque tinha vários
débitos fiscais inscritos em dívida ativa. O que o Eduardo Cunha fez?
Pôs dentro dessa MP uma cláusula que empresas que possuíam dívida ativa
inscrita poderiam renovar seus contratos no setor portuário desde que
ajuizassem arbitragem para discutir este débito tributário", explicou o
delator.
"Tanto a Eldorado como a Rodrimar tinham interesses, e o
Eduardo narrou que, na época, o Michel pediu a ele 'Oh, tem que fazer
isso, tem que fazer isso, cuidar disso' para que o negócio não saísse do
controle", prosseguiu o operador.
A Procuradoria questionou no depoimento se, após a MP, houve
pagamento de comissões ao PMDB. "Por doação política, tenho certeza.
Oficial. Por comissão, que seria uma propina disfarçada de doação
oficial, e outros tipos de recebimento, não tenho conhecimento",
respondeu.
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