Da Reuters -
O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, afirmou nesta
segunda-feira que as instituições brasileiras estão sendo ameaçadas
pelas declarações de seu adversário na corrida presidencial, Jair
Bolsonaro (PSL), dizendo que o concorrente ameaça a democracia antes
mesmo das eleições e pode fazer ainda pior se eleito.
“Ontem a ameaça era uma ameaça
física à oposição em caso de ele ganhar as eleições, ou seja, ele está
dizendo que se ganhar as eleições não vai haver espaço para oposição no
Brasil”, disse Haddad a jornalistas durante visita a uma cooperativa de
catadores em São Paulo, um dia depois de Bolsonaro prometer que fará uma
“faxina” e que os “marginais vermelhos” serão “banidos” do país se ele
for eleito presidente no domingo.
“Ou a gente acorda para esse
problema esta semana, e bota de lado essa tradição autoritária que o
Brasil sempre teve, mas que estava bem comportada até aqui, ou vamos
correr riscos inclusive físicos... Se ele tem coragem de ameaçar a
democracia antes das eleições, o que ele fará com o apoio dos
eleitores?”
Além da fala de Bolsonaro no domingo
transmitida ao vivo a manifestantes a favor de sua candidatura reunidos
na Avenida Paulista, em São Paulo, o deputado federal eleito Eduardo
Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidenciável, afirmou em um vídeo que
circulou nas redes sociais que para fechar o Supremo Tribunal Federal
(STF) basta enviar um soldado e um cabo.
Haddad elogiou o posicionamento do
ministro Celso de Mello, decano do STF, que chamou de “inconsequente e
golpista” a fala de Eduardo Bolsonaro, e também citou posicionamento do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que repudiou a declaração do
deputado eleito e disse que cheira a fascismo.
O candidato do PT chamou Bolsonaro
de uma “pessoa perigosa” que faz questão de não esconder isso, como
demonstrado pelas ameaças feitas na transmissão aos apoiadores, segundo
Haddad.
O petista afirmou ainda que as
instituições estão se sentindo ameaçadas por uma postura “linha dura” de
parte das Forças Armadas, e citou a presença do ministro do Gabinete de
Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen, em entrevista
coletiva concedida no domingo pela presidente do Tribunal Superior
Eleitoral, ministra Rosa Weber.
Segundo Haddad, não deveria haver envolvimento dos militares com a Justiça Eleitoral.
“Qual a autoridade do Etchegoyen
dentro do TSE? O que ele tem com isso? Ele foi lá se colocar como uma
ameaça, tutelar? Isso nunca aconteceu, os tribunais não precisam disso”,
afirmou.
Haddad também voltou a criticar o
TSE por não ter agido com velocidade para responder às denúncias feitas
pelo PT de uso irregular do aplicativo de mensagens WhatsApp por parte
da campanha de Bolsonaro, com suposto financiamento irregular de
empresas para disparos em massa de mensagens políticas.
O candidato do PT disse que o
tribunal é “analógico demais” para lidar com a questão das notícias
falsas e o uso de aplicativos como o WhatsApp.
Na semana passada, o PT entrou com
ação contra Bolsonaro no TSE afirmando que empresários teriam financiado
o envio em massa de mensagens pelo WhatsApp contra a campanha petista, o
que configuraria caixa 2 e financiamento ilegal de campanha.


0 Comments:
Postar um comentário