Agressão de Henrique Alves à jornalista é tentativa de inibir e intimidar quem lhe peça explicação

Ontem, 3, o deputado Henrique Alves, candidato a governador do RN em ampla aliança de partidos, concedeu entrevista ao conceituado programa Repórter 98, de grande audiência, transmitido em cadeia estadual pela FM98 de Natal, RN, e com apresentação dos jornalistas Felinto Rodrigues e Robson Carvalho.
Aconteceu um fato curioso e digno de análise política.
A certa altura da entrevista, o jornalista Robson Carvalho, que é também graduado em Ciências Sociais, questionou a união do candidato, em nome da redenção do RN, com partidos de ideologias diferentes; pessoas com vida pregressa duvidosa, candidatos diversos à presidência e, sobretudo, adversários ferrenhos em eleições recentes.
Levando em conta que a mensagem de Henrique na campanha é salvar o RN,  o jornalista mostrou incoerências políticas e indagou: "Salvar o quê e quem"?.
O deputado Henrique Alves irritou-se e verbalmente agrediu o repórter ao por em dúvida os fatos colocados na pergunta.
Disse que alguém tinha escrito aquele texto para ele lê.
Trocando em miúdos: Henrique deixou claro que o jornalista, a FM98 e o programa "Repórter 98" estavam a serviço de outros candidatos e a emissora permitia-se fazer perguntas a ele escritas por adversários.
Feriu o conceito do programa "Repórter 98", que é tido na radiofonia do estado como uma referencia jornalística e ética.
Alguns aspectos devem ser analisados e interpretados na conduta do candidato Henrique Alves.
Primeiro, o seu desejo de não ser contestado, nem pela imprensa, já que se coloca como o "salvador do Rio Grande do Norte" e assim seria sacrilégio pedir-lhe explicações, como foi o caso de Robson Carvalho.
Justifica esse direito de auto imunizar-se com o presumido mérito pessoal de agregador, capacidade de somar adeptos e partidos, o que outros não fazem por serem radicais, intolerantes, "complicados" e incompetentes.
Conclui-se: competente e capaz somente Henrique e seus  aliados e asseclas políticos.
O deputado Henrique tem até razão quando diz que as alianças políticas no RN ocorreram e ocorrerão sempre.
Isso é uma verdade.
Porém, os principais questionamentos da atual aliança do PMDB de quase 20 partidos é o fato da oferta pública do poder  influencia no governo federal para liberação de dinheiro, distribuição favores e benesses;  favorecimento a "esquemas" empresariais”; a contradição ideológica e política dos aliados, com a presença de três presidenciáveis no palanque; a condenação radical ao governo de Rosalba Ciarlini, ao qual Henrique e seu vice João Maia foram aliados, com indicações de seis secretarias e mais de 300 cargos comissionados, por mais de dois anos.
Na coligação montada à base de cooptações,  Henrique e Vilma escolheram até os seus adversários, eliminando quem lhes fosse inconveniente.
Exemplo:  o DEM-RN foi cooptado, mediante o compromisso de "cassar" Rosalba Ciarlini para a reeleição e o editor deste blog, que pretendeu candidatar-se ao senado.
Na última reunião da Comissão Executiva do DEM foi anunciado oficialmente no plenário,  que a aliança com o PMDB-PSB seria apenas na eleição, o que não era verdade, desde aquela época.
Portanto, os membros da Comissão Executiva dos Democratas votaram de boa fé.
Adotaram a linha de que a aliança seria exclusivamente na proporcional.
Entretanto, a cúpula dirigiu o partido para outro caminho, que foi o apoio à Henrique e Vilma.
Há pesquisas não registradas na justiça que apontam índices de preferência à Rosalba Ciarlini para o governo e Ney Lopes para o senado, superiores a 20%, sem que os mesmos fossem candidatos.
Apenas, a preferência do eleitor.
Henrique ao cooptar o DEM-RN,  pretendeu eliminar qualquer risco eleitoral para ele próprio e para Vilma de Faria.
Restaram como adversários os partidos menores e as candidaturas de Robinson Faria, ao governo e Fátima Bezerra, ao senado, que crescem a olho nu no eleitorado do estado, justamente pelo fato de Henrique e Vilma não terem respondido com clareza, até hoje, a pergunta feita pelo jornalista Robson Carvalho, que foi: "Salvar o quê e a quem"?
Outro ponto em análise é que ninguém pode ser contra a atitude política de quem reconhece erros do passado e não fica eternamente olhando pra trás pelo retrovisor.
Henrique tem razão nisto.
O ser humano tem direito de arrepender-se, ser humilde e até pedir perdão.
Todavia, ele diz uma coisa e faz outra.
Ontem, no "Repórter 98" foi a prova.
Enquanto prega esses valores humanos e cristãos na sua pré-campanha, já acusa um jornalista de faccioso, desonesto, de colocar a sua profissão a serviço de adversários seus, insinuando recompensas óbvias.
Tudo porque o jornalista lhe fez uma pergunta considerada "inconveniente".
Por trás da cena, o que o analista conclui é que Henrique ao dizer-se agregador e condenar o radicalismo, deseja na verdade "bloquear", "impedir", limitar fronteiras que possam reviver e recordar o seu passado político e de seus aliados, o que ele fez realmente pelo RN ao longo dos mandatos, o que dizia de alguns correligionários de hoje, inclusive em relação à "ficha suja" etc.
Henrique quer inibir e constranger previamente os adversários, no sentido de que qualquer questionamento feito sobre o passado significará a volta do radicalismo político.
Isso não é verdadeiro, nem lógico.
Política é essencialmente dialética.
Têm que existir teses e antíteses.
A síntese quem fará é o eleitor.
Como admitir-se uma campanha morna, sem vida, sem possibilidade do eleitor conhecer "quem é quem".
O radicalismo, que deve ser combatido, é outra coisa totalmente diferente.
É a lesão direta a dignidade e a imagem das pessoas, sem provas ou fatos concretos.
Quando há provas e fatos tudo deve ser levado (ou revivido) à opinião pública para que o eleitor conheça e decida
Política livre e democrática é assim, em qualquer parte do mundo.
Se não for assim, a impunidade política estará assegurada.
Agora, a dúvida que resta é se o deputado Henrique Alves irá pedir perdão a Robson Carvalho nas próximas horas e assim mostrar-se "agregador" e "não radical".
Pediria perdão e pagaria a penitencia, continuando com o apoio de quase 20 partidos, que se juntaram a ele, sendo afirma, sem nada pedir, em troca de absolutamente nada, apenas por admiração ao comportamento de quem só "agrega" e "combate o radicalismo".
História típica de quem acredita em Papai Noel!
Fonte: Ney Lopes 

0 Comments:

Postar um comentário