De taças e urnas

O jogo de hoje, entre Brasil e Alemanha, certamente será um dos mais tensos da Copa 2014.
Nos bares e nos lares, há duas perguntas que não querem calar.
Uma é se a seleção, sem Neymar (e, de quebra, sem Thiago Silva nesta terça), tem fôlego para ser campeã.
Outra é: se o Brasil levar a taça, Dilma se reelege e, se não levar, ela perde?
A equipe de Felipão não chegava a ser maravilhosa e emocionante nem com Neymar. Para os que ainda têm alguma dúvida, basta rever o zero a zero contra o México.
Há, porém, algo na alma dos campeões (de qualquer área ou esporte): a capacidade de se suplantar, superar desafios, surpreender na adversidade.
A torcida reza por isso, o que se torna ainda mais forte diante da injustiça, da covardia contra o herói do time. E, afinal, a esperança é a última que morre.
Quanto ao efeito político-eleitoral da Copa, cada um fala o que quer –ou melhor, cada um torce de acordo com seu time. E não há certezas.
Muito já foi dito sobre vitórias em campo que não reverteram em êxitos nas urnas, mas, em jogos e em política, cada caso é um caso.
Genericamente, bem-estar favorece o continuísmo, insatisfação trabalha a favor de mudança.
Se o Brasil levar a taça, isso tende a acalmar parte daqueles mais de 70% que querem mudança e, assim, melhorar as condições da reeleição. Mas pode ser uma parte pequena –e pode ser momentâneo.
É óbvio que Dilma e o Planalto acendem velas para o Brasil ser campeão e aumentar a sensação de bem–estar geral, em especial agora que a presidente finalmente anunciou que irá entregar a taça.
Já Aécio (que adora futebol) e Eduardo Campos jamais poderiam ser contra a vitória do Brasil, mas devem estar torcendo para a Copa terminar logo e começar um outro campeonato: o dos erros da economia.
Crescimento em torno de 1%, com más notícias todo dia, não leva taça nem garante reeleição de ninguém.
Fonte: Eliane Cantanhêde

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