O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) afirmou, nesta quarta-feira (7), em entrevista ao vivo ao 247, pelo Facebook,
que o Supremo Tribunal Federal "se dobrou" ao presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB) ao mantê-lo no comando da Casa, mesmo após a
decisão anterior do ministro Marco Aurélio Mello que determinava o
afastamento do peemedebista.
"Renan responde a 11 inquéritos no Supremo e mesmo assim foi mantido.
Hoje, o Brasil não entende por que Cunha foi afastado e Renan não. Eu
estou chocado. Argumentaram que a razão para afastar Cunha é que ele
estava atrapalhando as investigações. E o Renan não estava? O caso do
Renan é pior. Todos os ministros do Supremo são sabatinados no Senado.
Então tem que ter maior severidade. O Supremo se dobrou a Renan. Se
achou uma saída vergonhosa. E se usou como argumento que ele serve para
garantir a aprovação da emenda 55, que vai paralisar os recursos para
Saúde e Educação", criticou.
Para Ciro, este episódio insere um elemento novo à crise brasileira.
"Se introduz a última variável de insegurança: não contar com um
Judiciário firme. Estamos em estado de anarquia", disse.
O ex-ministro avalia que o país está em tem regredido desde que se
violou o presidencialismo, com o impeachment de Dilma Rousseff sem crime
de responsabilidade.
Ele diz não concordar com a tese de se realizar eleições diretas caso
Temer deixe a presidência. "A chance do Brasil ter eleição direta hoje é
zero diante dos que aí estão. O que nos resta é lutar pela volta do
respeito à Constitucionalidade. Temos que lutar para que, em estado de
golpe, nenhuma constitucionalidade seja mudada", defendeu.
Ao falar sobre Temer, ele o definiu como "um frouxo, um covarde, como
todo traíra, um oportunista, um miudíssimo, o Lula é o responsável por
ele. "Acho que vai cair", afiançou.
No caso de queda do Temer (por renúncia ou julgamento do Tribunal
Superior Eleitoral), Ciro avalia que dois nomes hoje são os mais cotados
para assumir a Presidência da República: o ex-ministro Nelson Jobim
(PMDB) ou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
"Parlamento picareta vão eleger alguém deste tipo. Mas pela pressão
vão eleger alguém respeitado pela imprensa. Nelson Jobim e FHC são os
nomes cotados. Se FHC entrar vai tentar ficar além de 2018. É golpe, é
selva, é barbárie", afirmou.
Ao falar da possibilidade de ser candidato em 2018, ele diz que vai
pensar 100 vezes antes de tomar tal decisão e diz que uma de suas
propostas e "tomar de volta a internacionalização do pré-sal".
Sobre Lula, ele disse que os processos contra o petista na Lava Jato
não têm nexo para condenação. Ciro diz esperar que o ex-presidente
chegue a 2018 em condições de disputar a eleição, mas que opte por não
ser candidato. "Não quero tirar o Lula do meio do caminho.Mas acoh que a
candidatura dele é um desserviço ao Brasil e a ele próprio. Ele
projetará para os próximos 4 anos o mesmo processo de conflito
radicalizado. A ele próprio será desserviço. Ele tem que fazer papel de
grande estadista e dar passagem, usar a grande força que ele tem para
ajudar a construir uma coisa nova", defendeu.
Veja a entrevista, em vídeo, na íntegra aqui.
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