Espera-se da oposição no Senado implacável resistência ao nome de Alexandre de Moraes para ocupar vaga no STF.
Mas tomara que seja pelos motivos certos.
O fato de seu escritório ter atendido cooperativas supostamente vinculadas ao PCC não é um argumento razoável e idôneo.
Ou cabe uma lei que vede a qualquer advogado criminalista chegar ao STF?
Soa absurda, pois não há provas, e são inaceitáveis apenas
convicções, a afirmação de que ele tenha qualquer vínculo com essa
organização criminosa, salvo a assistência profissional legalmente
prevista.
Além do mais, para quem defende o Estado de Direito e a Constituição,
atropelados pelo golpe, qual a coerência em vilanizar a advocacia,
principal esfera de garantia ao devido processo legal?
Também não vale dizer que Moraes estaria impedido de ser ministro da
Corte Suprema porque é filiado a um partido político. Afinal, Toffoli
também era. Ayres Britto, igualmente. Nelson Jobim, idem.
Ou que seria um escárnio Temer indicar seu ministro da Justiça para o
cargo, quando o oposto é verdadeiro: por que um presidente, usurpador
ou legítimo, deixaria de apresentar um nome de sua comprovada confiança,
quando se sabe que a máxima instância do Poder Judiciário é espaço
nobre na disputa político-ideológica?
Aliás, uma das lastimas dos governos Lula e Dilma foi não ter
indicado ao STF, uma corte política, apenas quadros organicamente
vinculados ao PT e à esquerda.
Ou não haveria motivos de comemoração, entre as forças progressistas,
se os escolhidos tivessem sido Luiz Eduardo Greenhalgh, Tarso Genro,
Nilo Batista e Pedro Estevam Serrano, entre outros homens e mulheres de
notório saber jurídico e visceralmente alinhados com o projeto liderado
pelo petismo?
Ser contra Alexandre de Moraes não pode significar máculas na coerência discursiva ou oportunismo de ocasião.
Ele não deve ir ao STF, acima de tudo, porque é um golpista e sua
trajetória se vincula à repressão contra os movimentos sociais.
Também porque é correto colocá-lo sob a suspeição de que, ao revisar a
Lava Jato, tenderá a manter o regime de exceção comandado por Moro e a
proteger tanto tucanos quando peemedebistas.
Afinal, é para isso mesmo que Temer o escalou: garantir a sociedade
com o PSDB, com o intuito de preservar o pescoço dos golpistas e o seu
próprio, estrangulando as forças de esquerda.
Fora disso, entramos no pântano da despolitização e da invencionice - o que somente presta serviços aos inimigos da democracia.
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