Em virtude de uma formalidade da Constituição de 1988, que impede que
um presidente da República seja investigado por atos anteriores ao
mandato, Temer não está na lista de Janot ou lista da Odebrecht.
A constituição não diferencia mandato conquistado nas urnas do obtido
no tapetão, o que excluiria Temer dos beneficiados pelo artigo.
No entanto, mesmo sem estar fisicamente na lista, ele está nela
implicitamente por meio de seus principais colaboradores, seja do PMDB,
do PSDB e do ministério.
Temer está na lista porque seu principal braço-direito, no partido e
no governo, Eliseu Padilha, está na lista; assim como Rodrigo Maia,
pessoalmente colocado por Temer na presidência da Câmara dos Deputados e
que não faz outra coisa senão o que seu chefe (Temer) mandar; assim
como Moreira Franco, sogro de Maia, para quem Temer criou um ministério
só para ele ganhar foro privilegiado; assim como Romero Jucá, seu regra
três provisório na presidência do PMDB, ex-ministro e líder do governo
no Senado; assim como Eunício de Oliveira, que Temer colocou na
presidência do Senado; assim como Renan Calheiros, seu principal escudo
contra as investidas de Eduardo Cunha; assim como Bruno Araújo que Temer
colocou no Ministério das Cidades; assim como Gilberto Kassab que Temer
colocou no Ministério da Ciência e Tecnologia; assim como Aécio Neves
que Temer transformou em principal sócio do governo; assim como José
Serra que tentou na última jogada desvincular-se do governo, mas esteve
nele, pelas mãos de Temer; assim como Aloysio Nunes Ferreira, que correu
para ocupar a cadeira vazia de Serra.
Temer está na lista porque todos os seus amigos menos graduados do que ele estão.
Temer está na lista porque todos os conspiradores-chefes que
derrubaram a presidente Dilma estão. Essa é a maior ironia. Os
conspiradores que acusaram Dilma de crime de responsabilidade estão na
linha de frente das relações criminosas com a Odebrecht.
Falta mais alguma prova para deduzir que os conspiradores a
derrubaram porque ela jamais os defenderia da Lava Jato, o que esperavam
que Temer fizesse?
Embora as consequências jurídicas não sejam imediatas, os danos
políticos são. Os nomes que vieram à luz até agora são os do topo da
pirâmide do PMDB e do PSDB, ainda não sabemos quem são os deputados e
senadores menos badalados que lhes fazem companhia.
Os desdobramentos tanto podem unir os atingidos – "corruptos unidos
jamais serão vencidos" – como provocar um motim ainda maior nas linhas
governistas.
Às vésperas das eleições de 2018 muitos parlamentares "aliados", que
não entraram na lista, poderão concluir que permanecendo ao lado do
governo tão identificado com corrupção, principalmente nas votações mais
polêmicas, dificilmente vão se reeleger. Vão correr o risco de aprovar a
reforma da Previdência e perder o mandato nas urnas?
E mais: como é que a reforma da Previdência vai seguir em frente com
as negociações comandadas por Eliseu Padilha, por Maia na Câmara e
Eunício e Jucá no Senado, todos no listão e, portanto, suspeitos?
Temer pode continuar dizendo que está tranquilo, mas os brasileiros não estão.
Temer não está na lista, mas está na boca do povo.
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