Temer só quer a Presidência para usá-la como biombo contra
investigações por corrupção passiva no caso JBS. Se isso estava claro,
mais evidente ficou a partir da defesa que ele andou fazendo, entre os
mais chegados, da adoção de um “experimento parlamentarista de
transição” já no ano que vem. Aprovado o sistema para vigorar a partir
de 2019, ele entregaria o governo a um primeiro-ministro já em 2018.
Esta fórmula vem ao encontro de outra maquinação de Temer. Ele já
pensa em se eleger deputado no ano que vem para preservar o foro
privilegiado e assim responder perante ao STF, e não em vara comum, à
denúncia de Rodrigo Janot, que a Câmara não arquivou. Com aquela votação
que custou a ruína fiscal, os deputados apenas negaram autorização para
que ele fosse processado no cargo, sendo afastado por decorrência.
Para ser candidato a deputado, Temer terá que deixar o cargo. Seus
substitutos imediatos, Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e Eunício
Oliveira, presidente do Senado, vão disputar eleições, estarão impedidos
de assumir. A Presidência então sobraria para Cármen Lucia, presidente
do STF, que como todo mundo sabe, é uma jurista, não uma gestora.
Mas este papel seria feito pelo primeiro-ministro experimental, e
Cármen seria a chefe de Estado, a rainha da Inglaterra. O premiê poderia
ser o próprio Meirelles. Ou quem sabe apareceria alguém capaz de
colocar alguma ordem na descalabrada administração federal.
Estas são as novas maquinações de Temer para escapar da Justiça mesmo
depois que deixar o cargo. O homem é capaz de tentar impingir ao país
uma experimentação perigosa com o sistema de governo para salvar a
própria pele.
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