Em
homenagem aos 70 anos da Emancipação Política deste município,
transcrevo abaixo trechos inéditos do capítulo inicial da 2ª edição do
livro Jardim de Piranhas: Ontem e Hoje, escrito por Erivan Sales de
Araújo, José Macário de Medeiros e este modesto blogueiro.
ASPECTOS HISTÓRICOS
• ANTECEDENTES
Não se conhece a existência de
vestígios pré-históricos dentro do território de Jardim de Piranhas,
apesar de a cidade distar apenas 115 quilômetros de Sousa, uma das
trinta localidades que formam o Vale dos Dinossauros, região do alto
sertão paraibano considerada um dos mais importantes sítios
paleontológicos do mundo.
Pela proximidade, pode-se supor que os
fósseis, as marcas de vegetais petrificados e as pinturas rupestres,
encontrados em Sousa e em municípios vizinhos, sejam comuns às espécies
animais e vegetais da fauna e da flora do Seridó potiguar, bem como à
presença do homem pré-histórico nesta região.
Os vestígios mais antigos da presença humana em Jardim foram registrados por MEDEIROS FILHO(¹):
Aos 8 de março de 1688, Matias da
Cunha, Governador-Geral do Brasil, dirigiu-se ao capitão-mor Domingos
Jorge Velho, determinando-lhe partir com a sua gente para combater os
bárbaros do Rio Grande. Na mesma correspondência, refere-se ao “mau
sucesso que teve o Coronel Antônio de Albuquerque da Câmara na entrada
que fez aos bárbaros”. Domingos Jorge Velho chegou ao teatro das
operações, no Rio Grande, anteriormente a 5 de junho de 1688.
(...)
O Dr. Manoel Dantas dá notícia de uma
casa-forte, construída em Jardim de Piranhas. Cremos tenha sido nela,
que ficou alojado o mestre-de-campo Domingos Jorge Velho. Pela
correspondência oficial, tem-se certeza de que o acampamento do paulista
ficava na ribeira das Piranhas, em território rio-grandense, fronteiras
com a Paraíba.
A vinda de Domingos Jorge Velho ao
Seridó visou, unicamente, a dizimar os indígenas que habitavam a região,
confronto que ficou conhecido como a “Guerra dos Bárbaros”. O
bandeirante paulista cumpriu a missão à risca, exterminando todas as
tribos seridoenses, incluindo-se a dos Caiacós, a dos Curemas, a dos
Pebas e a dos Icós(²), que viviam na área hoje correspondente aos
municípios de Jardim de Piranhas, Timbaúba dos Batistas, São Fernando e
Jucurutu.
Sem a feroz presença indígena, ficara a
região livre para ser ocupada, o que não demorou a ocorrer. CASCUDO(³)
assim registrou o início do povoamento do Seridó:
O século XVIII é a conquista do Seridó.
Começa uma história sem possibilidades documentais. Mais story que
history. É a odisséia dos posseiros, homens sem títulos legitimadores da
estabilidade. Vinham do Ceará, da Paraíba, acompanhando os rios
orientadores, Piancó, Rio do Peixe, Pinharas, fundidos no Piranhas,
tornado Rio do Açu, caindo no Atlântico em Macau.
Os posseiros bateram primeiro nas
várzeas e planalto do Apodi, tabuleiros e capoeirões do Seridó,
batizando a terra nullius domini sem que deixassem pegada em livro da
Real Fazenda e sim nos acidentes da serra, carrasco e caatinga,
padrinhos dos riachos, serrotas e logradouros.
O século XVIII fora a centúria do
povoamento efetivo dos sertões e agreste, em ambas as dimensões
territoriais: do Norte para o Ceará; do Sul para a Paraíba, avivado pela
osmose do Jaguaribe e do Piranhas.
O impulso era a pastorícia, profetizada
por Diogo de Campos em 1614: “A terra lhe era franca mais para o gado e
creações do que para canaviaes e roças”. As roças vieram, suficientes e
fartas, mas apoiando a família dos vaqueiros na labuta do campo.
DANTAS(4) também deixou registrado que
No Seridó, sob as bênçãos de ricas
tradições patriarcalistas, surgiu e firmou-se, de há muito, como o
grupamento humano o mais homogêneo e o mais rico de beleza étnica,
gerando, através dos tempos, essa admirável unidade familiar, social e
espiritual, rara, às vezes, noutras regiões.
• FORMAÇÃO ADMINISTRATIVA
A história de Jardim de Piranhas (RN)
está intimamente ligada à de toda a região do Seridó. A localidade,
inclusive, é mencionada em uma das lendas sobre a origem da vizinha
Caicó, de que acabou emancipada.
Não há muitos registros acerca do
surgimento do povoado. O que se conhecem são histórias, passadas de pai
para filho, a exemplo da que se encontra no sítio do IBGE na
internet(5):
Deve-se a formação desta cidade à
família “Cavalcante”, que, em 1874, doava o patrimônio de Jardim à
Paróquia de Nossa Senhora de Santana, com sede em Caicó. Viveu para sua
organização o Padre João Maria Cavalcante; este, em data de 18 de
outubro daquele ano, benzia a Imagem de Nossa Senhora dos Aflitos,
celebrando a 1º missa de fundação do antigo povoado de Jardim, nome pelo
qual permaneceu por muitos anos. Do Padre João Maria, nasceu a idéia da
construção de um templo, que recebeu o nome ou orago de Capela de Nossa
Senhora dos Aflitos, hoje, Igreja do mesmo nome.
Residiam como proprietários da antiga Fazenda Jardim as famílias Esmeraldo, Cavalcante e Oliveira.
Foi doadora do patrimônio onde se
instalou nos primeiros dias para até então, o já falado Povoado, a
senhora Dona Margarida Cardoso Cavalcante.
Originou-se o nome de Jardim de Piranhas
pelo simples fato da existência da antiga Fazenda Jardim, situada à
margem do renomado Rio Piranhas (...).
MONTEIRO(6) assim descreveu o lugar:
Dista 36 Km de Caicó e está situada à
margem direita do rio Piranhas. Possui umas 170 casas entre as quais uma
ou duas de feição moderna. A igreja está remodelada sendo a padroeira
Nossa Senhora dos Aflitos. Possui uma pequena praça, cemitério e
mercado. Jardim de Piranhas não é um lugar feio. Está em progresso e
pode, para o futuro, ter os seus melhoramentos mais necessários, como
telégrafo, luz etc.
De concreto, o que se pode comprovar é
que, devido à natureza dos terrenos férteis, propícios à lavoura e à
pecuária, o povoado rapidamente progrediu, sendo elevado à categoria de
Distrito de Paz (povoação com pelo menos 75 casas habitadas) através da
Lei nº 435, de 9 de abril de 1859. Em 1936, ascendeu a Distrito de
Caicó, situação na qual permaneceu até 1948, quando a Lei nº 146, de 23
de dezembro daquele ano, criou o município, posteriormente instalado em
1º de janeiro de 1949.
(1) MEDEIROS FILHO, Olavo de. Índios do Açu e Seridó. Gráfica do Senado Federal: Brasília, 1984, p. 120-121.
(2) MEDEIROS, Tarcísio. Aspectos Geopolíticos e Antropológicos da História do RN. Imprensa Universitária: Natal, 1973.
(3) CASCUDO, Luís da Câmara. Nomes da Terra. Fundação José Augusto: Natal, 1968.
(4) DANTAS, D. Adelino. Homens e Fatos do Seridó Antigo. Garanhuns: O Monitor, 1962.
(5) Disponível em
nhas.pdf> Acesso em 2 Jan 2010.
(6) MONTEIRO, Pe Eymard L'E. Caicó
(Subsídios para a História Completa do Município). Recife: Escola
Salesiana de Artes Gráficas, 1945.
Fonte: Alcimar Araújo
PARABÉNS, JARDIM DE PIRANHAS
- Por Edna Maria
- Em 12:50
- Não tem comentarios
Funcionária Pública Municipal, Técnica em Contabilidade, sou alegre, inteligente, simpática. Sempre gostei de estar atualizada, fazer novas amizades é o meu objetivo, nada nesse mundo me atrapalha, meu corpo é fechado, Deus e Anjos me protegem e o meu coração sempre me avisa quando estou em perigo...
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