A comissão especial que analisa a Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 77/03, que trata da reforma política, aprovou no
final da noite ontem (9), por 25 votos a 8, o parecer apresentado nessa
quarta-feira pelo deputado Vicente Cândido (PT-SP). Ainda falta analisar
23 destaques de bancada. A discussão já dura mais de oito horas. A
reforma política também está sendo discutida por outras duas comissões
da Câmara.
O texto aprovado mantém o sistema eleitoral atual para 2018 e
2020 e estabelece que o sistema de voto distrital misto, que combina
voto majoritário e em lista preordenada, deverá ser regulamentado pelo
Congresso em 2019 e, se regulamentado, passaria a valer para as eleições
de 2022. De acordo com o parecer do relator, o voto distrital misto
será adotado para a eleição dos cargos de deputados federal, estadual e
distrital e vereador nos municípios com mais de 200 mil eleitores. O
sistema de lista preordenada seria adotado nas cidades com menos de 200
mil eleitores.
Pelo sistema misto, o eleitor vota duas vezes: uma na lista
preordenada pelo partido de interesse e outra no candidato de seu
distrito. Os votos recebidos pelo partido são contabilizados de forma
proporcional e indicam o número de cadeiras a que tem direito. Os votos
nos candidatos dos distritos é contabilizado de forma majoritária,
considerando metade das cadeiras.
Distritão
O sistema eleitoral gerou muita polêmica e pode ser alterado
por meio de destaque. Deputados do PMDB, PSDB, DEM, PP, PSD, PSB e PPS
preferem o “distritão”, modelo em que são eleitos para o Legislativo os
candidatos mais votados nos estados.
O líder do DEM, deputado Efraim Filho (PB), afirmou que o
"distritão" é mais simples que o sistema atual, que leva em conta não só
os votos individuais de cada candidato, mas os votos totais recebidos
por todos os candidatos do partido para determinar o número de cadeiras a
que a legenda terá direito. "Os eleitores não são técnicos, nem
teóricos, nem cientistas políticos, o que os eleitores entendem é: quem
recebeu mais votos será o meu representante", disse.
Saiba Mais
Reforma iguala imunidade entre presidentes da República e do Legislativo
O deputado Marcos Pestana (PSDB-MG) avaliou ainda que o "distritão" é a melhor alternativa para a transição até 2022, tendo em vista a impossibilidade apresentada pelo Supremo Tribunal Federal de dividir o país em distritos menores para a eleição de 2018. "Nós chegamos tão ao fundo do poço que o distritão é superior ao nosso atual sistema. Evita o efeito do campeão de votos que traz para a Casa pessoas sem nenhuma representatividade. Permite compatibilizar os recursos escassos com menor número de candidaturas. Será um grande avanço fazermos a transição para o distrital misto com o 'distritão' em 2018”, disse Pestana.
Reforma iguala imunidade entre presidentes da República e do Legislativo
O deputado Marcos Pestana (PSDB-MG) avaliou ainda que o "distritão" é a melhor alternativa para a transição até 2022, tendo em vista a impossibilidade apresentada pelo Supremo Tribunal Federal de dividir o país em distritos menores para a eleição de 2018. "Nós chegamos tão ao fundo do poço que o distritão é superior ao nosso atual sistema. Evita o efeito do campeão de votos que traz para a Casa pessoas sem nenhuma representatividade. Permite compatibilizar os recursos escassos com menor número de candidaturas. Será um grande avanço fazermos a transição para o distrital misto com o 'distritão' em 2018”, disse Pestana.
Oposição
Deputados do PT, PCdoB, PSOL, PHS e PR declararam,
entretanto, ser contrários ao "distritão". O PT tentará derrubar tanto o
distritão quanto o distrital misto nos destaques.
Durante a discussão, o deputado Henrique Fontana (PT-RS),
criticou o que chamou de “artimanha” com a votação de um sistema que não
está no texto e considerou a adoção do voto majoritário para deputados e
vereadores um retrocesso por impedir a renovação. "Se tem 31 vagas em
disputa, esse distritão vai chegar ao ponto assim de, talvez, ter 40
candidatos. O dia que o eleitor sai de casa com seu título de eleitor
para renovar o parlamento, porque acredita na democracia, vai chegar lá e
ver que os candidatos são todos os que já são deputados e que só há
meia dúzia de candidatos novos", disse.
O líder do PSOL, deputado Glauber Braga (RJ), disse que quem
está votando no distritão é porque quer campanhas bilionárias para ter
um processo mínimo de renovação parlamentar. “A gente não precisa sair
de um sistema que seja bilionário empresarial para um sistema que seja
bilionário com recursos públicos", disse.
Financiamento
O relatório da reforma política apresentado por Vicente Cândido cria o Fundo Especial de Financiamento da Democracia, que
contará com 0,5% das receitas correntes líquidas (somatório das receitas
tributárias de um governo, referentes a contribuições, patrimoniais,
industriais, agropecuárias e de serviços, deduzidos os valores das
transferências constitucionais) do Orçamento, o que corresponde hoje a
cerca de R$ 3,5 bilhões.
O parecer final também determina que caberá ao diretório
nacional do partido definir, 30 dias antes da escolha dos candidatos,
como serão divididos os recursos para o custeio das eleições. Esse ponto
também será objeto de destaque do PT, que defende a definição desses
critérios em lei ordinária.
Ao final da discussão da matéria, Vicente Candido disse ter
procurado trabalhar a lista fechada e um fundo mais modesto para
financiar as eleições, mas não foi bem sucedido. Ele fez um apelo para
que, na votação dos destaques, não se "jogue fora tudo o que se discutiu
até o momento".
"Há destaques para todos os gostos, em todos os itens. Na
reta final, quando formos agrupar, que a gente não saia daqui votando só
fundo e só sistema de votação, distritão ou distrital misto. Acho isso
muito pobre para oito meses de trabalho", disse.
Com informações da Agência Câmara
0 Comments:
Postar um comentário