A condenação unânime em segunda instância dificulta e muito uma
eventual candidatura do ex-presidente Lula. Porém, o impedimento pode
demorar alguns meses para acontecer e o petista pode até mesmo entrar em
campanha antes de uma decisão final sobre o assunto.
Neste cenário, se Lula conseguir concorrer sob judice, o
maior beneficiário da condenação pode ser ele mesmo, segundo a avaliação
do diretor do Datafolha, Mauro Paulino, em entrevista ao jornal Valor
Econômico.
"É possível até que ganhe mais intenção de voto. A
trajetória anterior do Lula mostra que ele sai fortalecido de episódios
como esse", disse Paulino ao jornal. Ele lembra que, no auge do
mensalão, o petista perdeu força num primeiro momento, mas logo se
recuperou e impulsionou até mesmo a eleição da ex-presidente Dilma
Rousseff.
"O mesmo aconteceu com depoimentos do Lula ao Sérgio Moro,
que fizeram com que ele ganhasse mais intenção de voto, saiu 25%, 30% e
chegou a 36%", diz. A última pesquisa do Datafolha, de dezembro, apontou
Lula com 34% dos votos, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) 17%, Marina
9%, Ciro Gomes (PDT) 6% e Geraldo Alckmin 6%.
Para Paulino, contudo, mesmo se Lula for impedido de
concorrer, isso não significará que ele não será um agente importante na
corrida eleitoral, apontando que um terço dos eleitores votariam com
certeza em um candidato apoiado por ele.
De acordo com o diretor do Datafolha, 25% dos votos de Lula
iriam para Marina Silva, no caso de impedimento do ex-presidente, sendo
ela a principal beneficiária, 14% iriam para ex-ministro Ciro Gomes
(PDT), enquanto o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) herdaria 6% dos votos
do petista. Já um cenário sem o petista, cerca de 29% dos eleitores diz
que votariam branco ou nulo. O restante se declara indeciso.
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